28/09/2010

23/09/2010

É um passo insignificante para o Homem...

...um passo gigantesco para mim!
Matei uma aranha, hoje!!! Há 500 anos que não matava aranhas porque pura e simplesmente me repelem demasiado... Nem para as matar tenho coragem de me aproximar delas!
Matá-las com o pé ou com a mão é impensável porque isso implicaria ter de me aproximar delas e isso eu não tolero... Recuso-me a dar-lhes com a vassoura porque imagino que as porcas se escondam lá no meio e voltem mais tarde para me infernizar a vida. Nunca, mas NUNCA as aspiro, porque de certeza que as malvadas haveriam de achar o interior do saco do aspirador um meio acolhedor para viver e se multiplicarem e aí teríamos a peste!!!
A minha conduta nos últimos tempos tem sido chamar por socorro... Chamo a minha irmã para as matar. Se ela não estiver em casa, espero que venha da escola... Já pedi a visitas para matarem uma ou outra e, uma vez, no trabalho, até pedi a um cliente que afastasse uma de ao pé de mim... Não tenho vergonha de o dizer. Há coisas inexplicáveis e incontroláveis. O meu asco pelas aranhas é uma dessas coisas.
Nem tão pouco sou capaz de olhar para elas. Começo logo a sentir cócegas no corpo todo...
Hoje, preparava-me para começar a limpar o quarto-de-banho quando dou com uma grande teia junto da janela e a respectiva inquilina lá empoleirada. A pequerrucha devia ter para aí uns 3 mm de tamanho!!! Claro que pela minha cabeça passam milhares de pensamentos: vou esperar que a mana volte!! ...não... nós hoje vamos sair e ela não vai estar em casa antes da noite. Vassoura e aspirador e mão fora de questão, pelas razões supracitadas... Após alguns minutos a andar de um lado para o outro e olhar de relance para a dita, só para logo depois desviar o olhar, enojada e arrependida de ter olhado, encho-me de coragem, vou buscar o MAFU, essa maravilha do tempo da minha avó, e despejo metade do frasco por cima da teia e do cestinho que estava pousado lá ao lado, contendo o difusor do secador, fitas para o cabelo e cremes depilatórios. A desgraçada cai da teia e anda a rabiar durante um bocado, parecendo meio atordoada e eu, PIMBA!!! Mais spray pra cima dela! Metade do frasco, estou-vos a dizer!!! E, enquanto isso, tremo por todos os lados, a minha cara faz esgares incontroláveis e a minha garganta solta guinchos embaraçosos. Por fim, as patinhas param de mexer. Agarro num pano do chão, ENOOOOOORME, atiro-o lá para cima, agarro o que quer que esteja por baixo e deito-o no lixo!!!
Bem... isto contado assim, parece ridículo mas, estou muito feliz, garanto!
E, decerto vão compreender a razão pela qual não ponho nenhuma foto ilustrativa neste post...

20/09/2010

Ténis

Não, não venho falar do Rafael Nadal outra vez... Venho falar da vida, que deveria assemelhar-se mais a um jogo de ténis. Duas pessoas em campo apenas. Claro que seria necessário haver uma infinidade de courts para todas as pessoas com quem nos relacionamos mas, em cada um deles, apenas dois jogadores: Eu e o Outro. Em algum deles haveria de ser Eu e Tu.
Ambos com as mesmas ferramentas (neste caso, uma raquete); toda uma claque apoiante na bancada mas que se cala no momento do serviço, porque é errado interferir nas jogadas dos outros, seja para ajudar, seja para perturbar.
Um árbitro ao meio, para assinalar e punir faltas de movimento ou carácter.
Uma rede que corte os golpes baixos a favor daquele que os iria sofrer.
Duas cadeiras, uma para cada jogador, onde descansam em simultâneo, para não se dar o caso de um aproveitar a ausência do outro para marcar pontos.
Dois jogadores, apenas. Frente a frente. Para se olharem nos olhos e sentirem a responsabilidade dos seus movimentos e a vergonha pelas faltas cometidas.
Nem sempre venceria o melhor, já se sabe. A sorte e o acaso pesam tantas vezes mais do que o talento. Mas seria justo e leal.

14/09/2010

Apetecia-me mesmo.... #7

... que houvesse finais de Grands Slams do Tenis mais frequentemente... e que Portugal não fosse um país pequeno onde só se assiste a futebol e os pontuais sucessos em Andebol e Futebol de Praia são invísiveis...

Tenho pena de querer assistir a um jogo de tenis com alguém mas não ter coragem de ir ao café pedir para porem a TV no canal do jogo porque sei que ninguém vai gostar de ver.
Ainda assim, gostei de tentar cativar a minha irmã a ver o jogo comigo, e até consegui... Mas a pobre adormeceu pouco depois da meia-noite... E lá fiquei eu sozinha no sofá, até às 3h da manhã, aos saltinhos e a soltar guinchos abafados para não acordar a vizinhança...

Rafa, grande campeão!

13/09/2010

Missa aos Domingos

Gosto. Gosto muito. Não de "ir à missa aos Domingos", mas de ir "àquela" missa. A de Domingo. Na Igreja matriz. Celebrada pelo Sr. Padre, não por um substituto, quando ele não pode.
Gosto de me arranjar e sair de casa com sol, mas sem calor, na frescura da manhã. Gosto de chegar e ver pessoas conhecidas e conhecidas-só-de-vista com "roupa de Domingo", porque aqui ainda se nota essa diferença. Ainda há o hábito de vestir melhor ao Domingo, porque é Domingo, porque vamos à missa. Gosto de ver os homens no adro, à conversa; e as senhoras dentro, de joelhos, a rezar. Gosto de cumprimentar as pessoas conhecidas. Toda a gente tem um aspecto fresco e leve aos Domingos de manhã. Gosto do burburinho antes de começar a celebração. Dos elementos do coral a chegarem, apressados. Do Sacristão a ultimar os preparativos, trapalhão, como só ele. Gosto de ver as pessoas que normalmente fazem as leituras a passar na Sacristia para passar os olhos no texto, não vá haver alguma palavra mais complicada que os atrapalhe. Gosto de ver o coral atacar o cântico de entrada, a saudação do Celebrante, a firmeza com que a assembleia responde "Bendito seja Deus, que nos reuniu no amor de Cristo.". Gosto de estar na missa e cumprir o ritual e ver que todos o respeitam: responder da forma certa, no momento certo; benzer para ouvir o Evangelho, ajoelhar na Consagração... Gosto de olhar para as pessoas e vê-las ali, tão iguais, todas; a pedir e a agradecer em conjunto; gosto de imaginar como, no final, vão sair da igreja, com a alegria do "dever cumprido", e vão para casa, comer carne assada com a família e vão passar a tarde a passear vagarosamente ao sol ou no café, na cavaqueira...
Os Domingos têm um cheiro e uma luz diferente. Gosto.

06/09/2010

Uuuuuuiiii... Estamos em Setembro

Não tá fácil... Os últimos dias não têm sido fáceis.
É esta altura do ano. É o tempo. É a ansiedade. É eu. É o raio que o parta... Não sei. Não tenho justificação. Sei só que, apesar de gostar do Outono, o mês de Setembro é fatal para mim. Porque os dias ficam mais curtos e mais escuros, e eu tenho medo do escuro. Porque o Verão está a queimar os últimos cartuxos e toda a gente corre para aproveitar os últimos momentos, como se isto fosse uma contagem decrescente para coisa nenhuma. Contagens decrescentes deixam-me nervosa, seja para o dia do meu aniversário, para o Ano Novo, para o final de um jogo de futebol, para sair do trabalho... Porque estamos a aguardar ansiosamente o fim de algo para depois fazer o quê??! Bater as palmas? Comer passas e pedir desejos? Gerar uma discussão com os colegas sobre que equipa jogou melhor, independentemente do resultado?
Há toda uma série de coisas a preparar-se à minha volta; para amanhã, para daqui a uma semana, um mês, quatro meses... E eu já me sinto sufocada por elas.
Eu sou ovelha, indolente e indefesa, desprevenida perante os impulsos imprevisíveis dos lobos que me rodeiam.
Não quero ser ovelha. Não quero ser alvo nem quero ser notada. Não quero que me surpreendam. Não quero que me digam que sou tudo. Não quero flores. Não quero ser esperada.
Setembro é um mês difícil. Era o mês em que o meu pai vinha para perturbar. Era quando eu tinha que voltar para a faculdade, longe de casa. Era quando a luz e o tempo e os hábitos mudavam e se projectava um novo ano lectivo, um novo ano religioso... E os projectos fazem-me mal.
Setembro foi o mês em que eu caí a primeira vez... e a segunda e a terceira também. Sempre em Setembro. E agora já não consigo ignorá-lo. Estou viciada. Tenho medo dele. É psicológico. E, não tenho orgulho em afirma-lo mas, a minha psique é fortíssima. Tão forte que, se eu pensar que Setembro poderá ser mau, Setembro vai, de facto, ser uma desgraça...

01/09/2010

Eu, livre

Livre... Dizem que nunca ninguem o é.
Que o Homem será sempre frustrado. Que o que possui acaba por o possuir a ele. Que há demasiados vícios e excessos.
Descrentes ignorantes. Cépticos ridículos. Vácuos mentais ambulantes.
Eu sou maior. Eu dispo-me do que é fútil e encontro a minha liberdade em ti.
Porque eu era fechada e altiva, e tu vieste derrubar o meu pedestal e invadir o meu espaço.
A minha rigidez aprisionava-me; agrilhoei-me em regras e fiz da individualidade o meu cárcere.
Mas tu aproximas-te e o meu instinto de recuperar ar recua.
Sou livre para escolher ficar. E fico.
Ouço as palavras que me despejas nos ouvidos.
És livre no pensar e no falar e deixas-me a mim a liberdade de concordar ou rejeitar, sem retaliações, ao contrário do que me habituaram a ter.
Disseste-me, uma vez, que eu era bonita; e eu não me importei.
Não me senti intoxicada pelo veneno disfarçado em cada elogio, que eleva mas responsabiliza; afaga mas queima;
Elogios tiram a liberdade; a liberdade de rastejar, de cair e de pecar.
Mas o teu elogio não pesou; não me cortou as asas.
Tens um efeito inebriante em mim. Fico embriagada pelo teu movimento e deixo-me contagiar.
Não penso, não me refreio. Sei que te divirto e que percebes o efeito que exerces.
Escandalizo os que me conheceram mas não me importo. Sou tão completa e absolutamente livre...!
Não imaginas quão bonito é o teu sorriso.
Adorável ignorância, fazes-me livre para o apreciar e gozar descaradamente.Eu, a mais insuspeita mendiga da tua atenção.
Insistes em tocar-me. Provocas-me. E, à força da insistência, ganhaste-me.
Aprendi a aceitar-te. Ajustei-me a ti.
Dei-me a esse trabalho porque sabia que, se não o fizesse, fingirias não te importar, tal é a tua dádiva de liberdade.
Tens-me desta forma, tão assumidamente entregue sem, no entanto, teres o direito de me chamar tua.
Pelo meu lado, não presumo jamais que algum dia serás meu.
E é neste equilírio frágil que reside a nossa libertação, que só se consuma quando estamos juntos.
Infelizes todos os que não têm alguem como eu te tenho a ti.


Fiz este texto para a Fábrica de Letras, mês de Setembro, com Tema Livre.