24/03/2011

Apetecia-me mesmo.... #8

...desligar o telemóvel, esta materializaçãozinha reles da omnipresença de toda a gente na vida de toda a gente.
Foi-nos vendido como a melhor descoberta do Homem desde a roda, para estar sempre contactável, em qualquer lugar, caso acontecesse alguma coisa. E revelou-se a praga de estar sempre contactável, em qualquer lugar (qualquer lugar, mesmo!) até quando não acontece coisa nenhuma ou, pior, quando acontece algo que gostávamos mesmo de não ter sabido...
Não temos desculpa para não saber. Não temos alternativa; ele toca... e como são irritantes os toques! Só isto já é presságio que devíamos ter levado em conta...
Não sei se sou caso isolado mas, quando desligo o telemóvel por qualquer razão, parece que o mundo fica mais silencioso, mais calmo e previsível. Quando estou com alguma crise de ansiedade, o facto de lhe tirar o som, desligar o toque de vibração e esconder debaixo da almofada par não ver a luz acesa, acalma-me. Como se eu tivesse momentaneamente saído do radar...
Não me atrevo a desligá-lo. Porque um telemóvel desligado é sinal de uma infinidade de coisas más: pode ter acontecido alguma coisa! E é também um gesto de egoísmo. É fechar-me à minha mãe que pode precisar que eu faça alguma coisa; à minha irmã, que pode precisar que a vá buscar à escola; a um amigo que precise distrair-se de uma coisa má ou partilhar uma coisa boa.
Tenho a certeza de que um dos gestos mais libertadores para quem sente saltar-lhe a tampa é atirar o telemóvel contra a parede com toda a força. É um grito de Ipiranga contra este controlo manso em que nos arrastamos. Mas claro que logo a seguir vem a estupidez de sentir que temos que comprar um novo... Mais ou menos como quando uma pessoa se atira ao mar num momento de euforia, porque se vê nos filmes e é sempre tão giro, e depois descobre que tem que ir para casa a pingar e a tiritar... E essa parte nunca se vê nos filmes.

10 comentários:

  1. O meu quase nunca toca. Uma vez fiz uma experiência e tive um ano sem o carregar.

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  2. Quem ainda se lembra de como era a vida, como nos organizávamos, combinávamos encontros antes da invenção do telemóvel?

    Ai como é bom quando o desligamos!!

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  3. Partilho desse teu sentimento de irritabilidade sempre k o telemóvel não pára de tocar.

    Fora esses momentos, o telemóvel passa-me completamente ao lado quando não estou à espera de algum contacto ou com intenções de contactar alguém, havendo dias k inclusive fica eskecido em casa, pousado em algum lugar (ou no trabalho, ou no carro) e realmente sou dakelas raras pessoas que não vai para trás para ir buscar o aparelhinho irritante.

    Sempre que perco ou se estraga um desses mini localizadores, me passa pela cabeça “é agora que vou poder deixar de ter telemóvel e ser o único ser à face da terra a poder dar o grito de Ipiranga!” mas há sempre alguém que pensa que me vai ajudar oferecendo-me um novo (o.O)

    “OMG…!”

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  4. Ei, Matador... Vi uma vez no "Sai de Baixo", essa maravilha, uma definição para isso... é telemóvel de pobre: só recebe!lol

    Utópico, era tudo muito mais giro... lembro-me de, quando precisava muito falar ou encontrar alguém, ir a cafés que não frequentava habitualmente ou a reuniões de grupos estranhos, se achasse que a pessoa lá estaria... =)

    Mildness, é sempre bom alguém ter o cuidado de nos oferecer um bichinho para nos localizar a qualquer hora... com o seu próprio número já gravado na marcação rápida e com toque personalizado...lol

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  5. Eu tenho um praticamente só para falar com os pais, um amigo e para ouvir musica, é por isso que não o largo, ando smp a ouvir musica, o outro é para tudo o resto, mas raramente atendo uma chamada à primeira. Mas uso os dois para me acordar.

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  6. Papoilinha, relamente, foi coisa que nunca entendi, como consegues ter mais do que um destes bichos... mas se me dizes que um é mais para ouvir música, tás perdoada...lol

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  7. Há dias para tudo, podiam fazer um dia sem telemóvel!

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  8. Johnny, um dia só não bastava. Só se fosse um dia por semana. Como seria bom! =)

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