05/02/2014

"O Leitor", de Bernhard Schlink


Já vi o filme há bastante tempo, e desde essa altura me ficou uma curiosidade por ler o livro.
Talvez tenha escolhido um tempo um bocadinho infeliz, pouco depois de terminar a leitura de "Ele está de volta", que relata um hipotético regresso de Hitler e a retoma dos seus planos para dominar o mundo, e na semana em que se celebrou o Dia Internacional de Recordação das Vítimas do Holocausto, a 27 de Janeiro...
"O Leitor" é um livro que se sente. No período do pós-guerra, uma geração jovem vê-se a braços com o dilema de perdoar, ignorar ou condenar abertamente os crimes levados a cabo, activa ou passivamente, pelos seus pais.  Michael é um jovem invulgar, que conhece uma mulher invulgar em circunstâncias invulgares também. Começam uma relação que se pauta por encontros regulares em que ele a visita em casa, lê para ela páginas e páginas de livros e, depois, fazem amor... Este romance quase idílico tem um fim repentino, quando ela, Hanna, desaparece sem uma palavra. Anos mais tarde, enquanto frequenta o curso de advocacia, Michael volta a vê-la, numa sala de tribunal, sendo acusada, com um grupo de mulheres, de crimes contra os judeus nos velhos campos de concentração.
O livro é uma reflexão profunda do significado dos sentimentos e das emoções, do peso do nosso passado e da nossa capacidade de ocultar um segredo a todo o custo. É uma história de redenção e rancor e perdão. Um livro onde, me pareceu, a palavra mais repetida é "embotado". Parece uma contradição, um livro onde o narrador, o próprio Michael, afirma tantas vezes ter os sentimentos ou o pensamento embotado e que, no entanto, reflecte tão profundamente sobre os temas apresentados.
É pequeno. Lê-se bem. Leiam.

4 comentários:

  1. Adorei o filme, mas nunca consigo ler o livro correspondente, se não o tiver feito antes. É que quando leio depois de ver o filme, as personagens do livro parece que não encaixam e, além disso, já não me entretenho a traçar-lhes a fisionomia, porque fiquei preso ao actor/actriz que lhe deu corpo. Portanto livros, só antes do filmes. E até, muitas vezes, imagino como seria o filem do livro que estou a ler...

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    1. Costumo ser assim também, Carlos. Mas como já vi o filme há tanto tempo, já só tinha uma vaga ideia da trama e já nem me lembro se o final coincide com o do livro... O livro é um regalo! Se calhar, vale a pena correr o risco =)

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  2. É de facto um livro, pequeno e poderoso. Também o li, e posteriormente vi o filme, com uma representação excelente de Kate Winslet (aliás premiada por este papel)
    São raros os filmes que seguem fielmente os livros, isso seria uma grande chatice. :D
    Gostei bastante desta opinião, muito clara e muito assertiva.

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    1. Muito obrigada pelo comentário, Nuno Chaves! e bem vindo ao meu poleiro =)

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