31/07/2014

Amor perfeito é...

...sentirmos um cheiro na nossa pele e não termos a certeza se é nosso ou se foi o nosso Amor que no-lo deixou.

13/07/2014

Aqui me confesso...

...porque se o confesso aos ouvidos de alguém vou soar irremediavelmente louca e obcecada...
Confesso-me ciumenta... De uma bicicleta, imagine-se!!! De uma bicicleta que o mantém até tarde no ginásio 3 dias por semana, em que não o vejo porque sai tarde e cansado. Da bicicleta com a qual ele participa em competições e passeios aos Domingos, para os quais descansa no sábado à noite (também não é muito bom fazermos planos para essa altura, portanto) e dos quais descansa no Domingo à noite (e por esta altura já sabem o que é que isso significa, não já? Pois... Nada de planos para mim).
Então amuo e aqui venho confessar o meu ciúme e ódio cego por um quadro de carbono (é tão leve, é mesmo um sonho!!!), com duas rodas, um selim e um guiador (de carbono também).
Tenho ciúmes do tempo que partilham, da satisfação que ela lhe dá, das fotos por todo o lado, do cansaço que lhe provoca, das feridas que invariavelmente ele traz, arranhōes e esfoladelas.
Tenho ciúmes incompreensíveis de tudo isto e das pessoas que têm oportunidade de o partilhar com ele, quando eu, por causa do horário de trabalho e falta depedalada, não posso.
Estou doente de ciúmes e desespero. Capaz de assassinar uma bicicleta. "ciclocídio"???

09/07/2014

"Memoirs of an Imaginary Friend", de Matthew Green


Já tinha visto o título e a capa em várias das páginas e fóruns literários por onde vou passando. A sinopse é chamativa, a conhecida escritora Jodi Picoult escreve que já há muito que não era absorvida da forma que este livro a absorveu, e a crítica compara-o a "O Quarto de Jack", que não li (nem quero, credo! já viram bem a sinopse daquilo???)...

Surgiu a oportunidade de o conseguir através de uma troca combinada num grupo do facebook criada para esse efeito... E ainda me entusiasmou mais o facto de se tratar da edição em inglês.
Budo é o narrador. E é um amigo imaginário. Não pode tocar no mundo real, não pode ser visto ou ouvido por outro humano além do que o imaginou. Esse menino é Max. O Max tem 8 anos, que é idade em que a maior parte dos meninos já deixou de acreditar nos seus amigos imaginários, fazendo com que eles deixem de existir. Mas Max é um menino especial. Através das descrições tão simples e quase infantis, mas tremendamente verdadeiras, que Budo faz do seu amigo, percebemos que ele será autista, com todos os problemas e limitações que as crianças autistas enfrentam.
A história do dia-a-dia pacato e monótono de Max e Budo (feita de fugas a demonstrações de carinho por parte dos pais e das pessoas em geral, idas para a escola e ter que lidar com meninos maldosos, e discussões tidas pelos pais, a que Budo assiste, acerca de Max não ser normal e precisar de ajuda) sofre uma alteração radical no dia em que Max é raptado por uma professora, cujo filho morrera. Budo é o único a assistir ao rapto e a saber quem é a culpada. É a partir daí que, o que era um conto fofinho e enternecedor, passa a ser uma história comovente e frustrante porque nos vemos confrontados com as limitações de um amigo imaginário, incapaz de comunicar com as pessoas ou de tocar seja o que for no mundo real.
É um livro diferente de tudo o que já li, sem dúvida, onde questões como "o que é correcto" versus "o que é a nossa vontade", o próprio sentido da existência ou o que exisitrá (ou não existirá) para além da morte, pairam a todo o momento.