29/12/2015

Mais uma comparação para a ansiedade

Uma mente ansiosa é como um carro sem travões.
Esforço-me muito por tentar explicar e encontrar comparações ou metáforas para a ansiedade, porque tenho noção que seja muito difícil compreender por quem está de fora. Por quem nunca viveu uma crise de ansiedade ou pânico sem motivo racional, pelas pessoas que dizem "acalma-te" ou "não te preocupes, não penses nisso". Cheias de boas intenções, mas é inútil como tentar reter uma maré com uma muralha de areia.
Às vezes, a ansiedade é como um carro sem travões. Estamos ao volante mas não temos controlo nenhum porque os nossos pensamentos, tal como o carro, seguem desgovernados, velozes, caóticos... Cada pensamento mais aterrador ou paralizante que o anterior, cada vez mais esmagadores e asfixiantes. E vamos seguindo, em pânico total, à espera que a qualquer momento, uma curva apertada ou uma ribanceira nos derrube de vez. Sem controlo, sem conseguir abrandar e sair. E sem hipótese de alguém interferir a nosso favor.
E depois, como um milagre, uma inspiração de ar mais profunda ou uma ideia nova e tranquilizante saída nem se sabe de onde, surge e faz o carro abrandar. Continua-se com os travões a falhar, mas pelo menos recuperou-se o controlo do carro, pode-se tentar escapar para uma estrada mais segura, onde seja menos provável voltarmos a ver-nos sem controlo. Há sempre o medo, mas um milagre resgatou-nos. Às vezes, este milagre acontece. Outras vezes segue-se e só um grande choque, que deixa sequelas e lembranças tristes, nos pára a marcha descontrolada.
Não é fácil. Toda a gente sabe que não é fácil. Mas só cada um sabe, dentro de si, como é difícil e penosa a sua caminhada.
Neste final de ano eu desejo de todo o coração que toda a gente tenha sempre cada vez mais controlo do seu "carrinho", que a vida seja feita de momentos serenos e felizes. Tudo o resto vem por arrasto, logo que haja serenidade no nosso coração.

(para quem se lembra que no dia 21 escrevi acerca da possibilidade de ver o meu pai... Ele veio, quis ver o corpo da mãe. Mas nem o vi, nem telefonou para marcar encontro comigo e a minha irmã. Não nos quis ver. Melhor assim...)

26/12/2015

Sweet Charlie Brown...


"Linus, I can't talk with that little red-haired girl. She is really something and I am nothing. If I was something and she was nothing, I could talk to her. Or if I was nothing and she was nothing, I could talk to her. But she is something and I am nothing, so I can't talk to her." Charlie Brown

Identifiquei-me... meu querido Charlie Brown... somos tão parecidos...

21/12/2015

Ontem fiz 29 anos e a minha avó morreu

Foi um dos dias mais estranhos do universo. Do meu, pelo menos.
Primeiro porque o aniversário é sempre uma data que me causa alguma tensão e ansiedade... Não gosto de surpresas nem de ser o centro das atenções, e já há anos que esta data não me é muito querida.
A avó já estava no hospital há 5 dias. Fruto de uma queda mas, com quase 90 anos, um pouco de febre e uma infecção pulmonar das que são comuns nesta época, acabou por falecer ontem. A avó que eu já não via há meia dúzia de anos, mãe do meu pai, causadora de muitos desentendimentos na família e que foi muito maldosa com a minha mãe aquando do divorcio dos meus pais, há 8 anos. Ontem, no velório, estive na mesma sala com pessoas, tios e primos que não encarava há anos. Pessoas más, por quem tenho nenhum carinho. O meu pai está no estrangeiro e vem hoje de avião para ainda tentar ver a mãe antes de ser enterrada. O que significa que talvez seja hoje o dia em que revejo o meu pai, ao fim de 8 anos.
É tudo um bocadinho intenso. Os nossos rituais da morte são prolongados. Um corpo velado durante horas. Um par de tias carpideiras que gemem e gritam ruidosamente para que todos possam apreciar como sofrem. A possibilidade do meu pai a pairar. Estou só ansiosa que estes dias passem para que possa ter a minha rotina de volta.

Durante o velório ontem, olhei muito para as mãos dela. São sempre o que mais me impressiona, pela cor de cera baça que ganham. E senti alguma inveja de uma prima, que chorava no ombro do pai. Um pai que tem certas parecenças físicas com o irmão, meu pai, e de cujo amor paternal eu senti alguma inveja. É tudo excessivo, mas em breve estará terminado...

15/12/2015

Ser "caseirinho"

Há uma subcultura incompreendida e muitas vezes rotulada de forma preconceituosa... É a subcultura dos "caseirinhos". Pessoas que não gostam da confusão dos cafés, da música alta e confusa, da mistura de vozes e conversas, do ar respirado por muita gente...

Às vezes, raras vezes, combino algum encontro social, um jantar ou café e o meu desconforto e enfado aumentam na medida em que aumenta o grupo e a confusão. Ao sair de casa, a minha mãe diz-me cheia de boas intenções "diverte-te!", e eu digo para mim mesma "diverte-te! faz esse esforço! é isso que é esperado e suposto que aconteça"... mas venho embora no final do encontro com uma ligeira sensação de que perdi tempo longe do sofá e da manta ou de uma caminhada solitária ou apenas com uma ou duas pessoas pacatas.

Os "caseirinhos" são considerados pães sem sal, eremitas, anti-sociais, antipáticos, traumatizados ou pessoas sem vida, opinião ou nada de útil para dar à sociedade...
Há "caseirinhos" patológicos. Por medo, fobia ou outra razão profunda evitam os ambientes mais concorridos. Às vezes é o medo que me move também, e me faz ficar em casa.
Mas a maior parte das vezes é mesmo o prazer. Se o sossego é o que me dá prazer e serenidade, já chega de ser julgada, de me julgar a mim própria, por não ser mais normal e gostar do que as outras pessoas gostam.

Sou caseira.
Acho que isso não vai mudar. E não me importo.

12/12/2015

Pensamentos obsessivos

Na minha mente surgem muitas ideias; sobre quem sou, sobre os meus sentimentos, sobre as pessoas que amo... Surgem dúvidas, medos e pessimismos... E, em vez de os sacudir de cima dos ombros, como se de caspa se tratassem, por serem irreais, por serem algo que não quero alimentar, eles surgem e o medo daquela possibilidade imaginária paralisa-me, como um animal encandeado por faróis... Fico paralisada na sua contemplação e cresce em mim a ansiedade acerca do futuro dali a 5 minutos assim como dali a 5 anos.
Comecei ultimamente a ter medo dos meus pensamentos, porque sei que se por um acaso eles saem do caminho "bom", se uma má memória ou um mau receio me assaltam, cresce um princípio de pânico, de inevitabilidade. E uma urgência de agir, de fugir.
Penso, às vezes, que li demais. Pensei demais. Vi perspectivas a mais e agora faço instintivamente uma ligação entre as histórias dos outros e a minha própria. Comparo demasiado. Espero encontrar nas coisas que vi, histórias que li e opiniões que ouvi, a medida do que é certo e normal e aceitável. O que não cabe nessas medidas causa-me pavor de tomar a decisão errada e fazer um juízo injusto. Tranquiliza-me ligeiramente lembrar uma frase que encontrei uma vez por acaso neste vasto mundo que é a internet, e que dizia que um dos principais motivos para a depressão/tristeza das pessoas é compararem os seus "bastidores" com as melhores cenas dos outros. Esta frase veio em boa hora e ressoou em mim de forma tranquilizadora.
Um ditado chinês diz que não podemos impedir as aves do desassossego de voar sobre a nossa cabeça. Mas podemos impedi-las de fazer ninho nos nossos cabelos. Eu estou a tentar mexer-me para os afugentar; às vezes parece que os meus braços estão paralisados. Outras vezes parece que até os mexo e afugento algumas mas, por serem tantas, há uma ou outra que me conseguem iludir.

Tenho tido muitas vitorias também. Quase todos os dias há uma ou mais pqueninas vitórias insignificantes e invisíveis para toda a gente mas que me aquecem o coração e pelas quais agradeço nas minhas orações, à noite. Agradeço a Deus, ao Tao (que na cultura chinesa é a entidade que ordena o universo e que está em tudo o que existe), às energias... Seja lá o que for que governa tudo isto. Agradeço a mim mesma também, por ser o que sou e por tentar ser melhor.

05/12/2015

Venho escrever ao fim de todo este tempo para dizer que sou a mesma... Tanto treino, terapia, acupuntura, tempo, fugas, dores... Mas de um momento para o outro é só a ansiedade ou o pânico ou que nome possa ter esta emoção irracional, descontrolada e subjugante... Todos os dias são de luta, em que agradeço a ausência dos medos e me admiro quando ocasionalmente consigo vivenciar alguma coisa com serenidade. Sou tocada por alguma ponta de angústia em algum momento, e aí tento metodicamente, das mais diversas formas, contornar, esquecer, vencer ou fugir do motivo dessa intranquilidade.
Mas o que fazer quando ela ataca durante a noite, e não nos deixa dormir?
À noite tudo parece maior, e eu mais pequena. O silêncio interpela-me e acusa-me. E eu tremo de forma intensa, mas sem ter frio.
Tento dizer-me que o cansaço acabará por vencer, vou adormecer e amanhã esta sensação e estes medos serão apenas como a lembrança de um sonho mau. Mas como são longos e dolorosos os minutos ou horas que dura este sonho...!

03/08/2015

O amor

Fui caminhar, arejar, porque a casa estava a encolher e achei melhor fugir antes que ficasse sem ar...
Não encontrei ninguém conhecido pelo caminho, o que foi uma desilusão e um alívio ao mesmo tempo. Sentei-me num banco com o meu livro, a respirar ar fresco e a sentir o vento arrepiar-me, e quando olhei à volta admirei-me com os escritos no banco, nos corrimões e em todas as superfícies... Escritos de amizade e irmandade "forever", e de amores para a vida... E comoveu-me ser assim relembrada de que o amor é a coisa mais certa que temos. A coisa mais precisada. E a que deve exigir menos de nós, que deve ser espontânea e gratuita. E continuo a não compreender isso, continuo a forçar-me no meu íntimo, a pensar e repensar tudo, deitando a espontaneidade e o conforto todos fora, sobrecarregando-me com pressões de perfeição e correspondência de expectativas, e medos de perdas ou desilusões... Não mora aqui uma gota de tranquilidade ou espontaneidade. Tudo são sinais, positivos ou negativos, tudo são expectativas frustradas ou ansiedades tristes e antecipatórias, que se revelam afinal em experiências boas e serenas... 
A minha imaginação é o meu pior inimigo. Já o aprendi. Tenho só que aprender agora a controlá-la, a domá-la, fazê-la minha aliada, em vez de minha carceireira.

28/07/2015

Auto-análise

Todos os dias são de aprendizagem. E, como todas as aprendizagens, esta também é trabalhosa...
Tenho tentado conhecer-me melhor, nestes últimos meses... Nas conversas com a psicóloga, com a acupuntora, com os amigos que se dispõem a ouvir-me. Tento conhecer-me melhor e perceber os mecanismos deste medo irracional que tenho de tudo e de todos... E a conclusão dolorosa a que vou chegando mostra-me que a raiz de tudo é a falta de auto-estima e auto-confiança que trago em mim...
Se questionada acerca do que gosto menos em mim, ou do que gostaria de poder mudar, eu não sei o que dizer. Não há nada, aparentemente, em que eu me desconsidere em relação aos outros. Mas, de alguma forma, este sentimento de inferioridade e insegurança intrínseco está cá e manifesta-se todos os dias, nas pequeninas coisas.
A instrutora de yoga diz que a Prática tem a ver com atingir um estado de consciência e lucidez, de compreensão do mundo e, por fim, a aceitação serena do que é e não pode ser alterado por nós ou pela nossa vontade. Anos-luz separam-me desse estado mental e eu desejo de todo o coração ter a resistência e perseverança para ir fazendo o caminho, passo a passo, até conseguir encontrar essa condição de serenidade e de estima por mim própria.
Tenho anos de maus hábitos de isolamento e egocentrismo acumulados, e quero neste momento pensar que a caminhada desconfortável que estou a fazer tem em vista  libertação definitiva desse sistema de fugas ao que me amedrontava.
Pesa-me saber que quem está próximo de mim se apercebe das minhas flutuações de ânimo e espera ver resultados há já muito tempo. Mas preciso que sejam pacientes. Eu estou a ser paciente. E tento torna-me uma pessoa melhor, mais tolerante e disponível, mais activa e consciente... Menos focada em mim. Ganhar perspectiva, não usar a minha medida para tudo, não comparar, não exigir dos outros aquilo que eu faria... São coisas ridículas, eu sei, mas as pequenas frustrações acumuladas pelo facto de eu não ter nunca interiorizado estes valores, amesquinharam-me. E preciso crescer. Para viver, preciso crescer.

14/06/2015

ser leve


Se fosse possível voltar a ser pequenina... se fosse outra vez habitual ser interpelada acerca do que quero ser quando for grande... hoje eu saberia dar uma resposta mais informada do que na época...
Eu diria que quero ser leve...
Ironia cruel, uma pessoa obcecada com o facto de estar sempre no limiar da magreza, desejar ser "leve". Mas é de uma outra leveza que preciso... da leveza de espírito, leveza de ânimo...
Carrego nos ombros pesos imaginários, responsabilidades que me convenci que são minhas, histórias e memórias que não preciso, que me sobrecarregam e magoam mas que não consigo largar... Queria ser mais ligeira e inconsequente... queria que a minha imaginação não fosse a minha maior inimiga... queria não ter medo de sentir medo. E queria que o medo fosse só uma sensação, uma emoção; em vez de um terramoto avassalador que me deixa prostrada...

20/05/2015

Deitar nas curvas

Se eu fosse da área de física, saberia o nome da lei que faz com que, para não perder o equilíbrio e manter a velocidade, um ciclista tenha que inclinar o corpo no sentido da curva...
Não sei assim tanto de física mas ultimamente dou alguns passeios de bicicleta por aí, vou-me aventurando e ganhando confiança aos poucos... Quem sabe um dia deixo de ter ciúmes do tempo que o rapaz passa com as bicicletas e passo eu a acompanha-lo nessas andanças...?
E já aprendi a sensação maravilhosa que é não ter medo numa curva (desde que não seja muito apertada...ainda estou a começar!) e deixar o corpo inclinar, como se fosse uma continuação natural da bicicleta, em vez de um mero passageiro...
E dou-me conta que o estado depressivo/montanha-russa emocional em que ando seria atenuado se eu aprendesse a deitar-me nestas curvas emocionais...
É muito assustador! Porque estamos em movimento e sobre duas rodas e parece disparate pensar em inclinar o corpo em direcção ao chão... Mas o segredo está precisamente no movimento e nas velocidade que nos levam... Então é só confiar, deixar o corpo ir e a sensação de leveza nesse momento é de fazer os pulmões dilatar!
Há que resistir ao impulso que apertar o travão de repente, ou de endireitar o corpo a meio da curva... Já que se começou o movimento, há que o levar até ao fim, com confiança.
No momento em que eu aprender a deitar-me nas minhas curvas emocionais, serei uma pessoa mais serena e mais adulta.

16/05/2015

I'm going to my happy place

...é o que se diz, em inglês, quando nos tentamos abstrair de um momento ou realidade desagradáveis. Dizem "vou para o meu lugar feliz" e, mentalmente, tentam pensar em coisas positivas e sítios onde se sentem bem, até a tormenta passar...

Tenho tido dias tumultuosos, eu... Acho que ando deprimida. Ando carente. E as vezes até me sinto um pouco louca e desequilibrada. E, num momento de cansaço intenso, quando pensei nesta expressão, foi com desespero que reparei que neste momento não tenho um lugar feliz para onde ir. Não sei onde isso é. E, por isso, choro.

24/04/2015

Em mim tenho muitos mundos... muitas cidades... muitas pessoas... Tenho sensibilidades que ninguém compreende, que tocam em mim uma nota que ninguém ouve... e, ao mesmo tempo, sou insensível a coisas que comovem tantos outros...
E é à conta desta minha fina e exclusiva sensibilidade que sofro tantas vezes... pela frustração e desilusão quase infantil de perceber que não estou a falar a mesma linguagem de quem me ouve. Que, o que eu vejo como belo e comovente, se torna banal no momento em que falo e partilho, desperta um encolher de ombros e indiferença... São tão poucas as vezes em que encontramos uma sensibilidade semelhante...
Tenho muitas cidades em mim... e tão pouca gente as visita...

20/04/2015

A bipolaridade em mim

Tenho dias de montanha-russa emocional... Ora me sinto triste e fraca perante tudo, nada corresponde às expectativas, nada me chega... Canso o meu Amor com desconsolos e exigências... Ora me sinto serena e consciente de que estou e treinar-me e a crescer e a aprender a silenciar a voz infantil no meu interior que, a todo o momento, chora "eu quero", "eu preciso", "eu sou pequena e todos devem dar-me colo"; este processo é doloroso, mas não implicaria crescimento se não fosse. Nesses momentos reparo que a tristeza que me assolou meia hora antes é descabida e isso coloca-me perante a evidência de que as minhas tristezas e os meus problemas são uma questão de humor e de perspectiva... Por tudo isto, sinto-me mais carente do que nunca de apoio psicológico!!!! Quem me ensina a travar todos os medos?? Ninguém, claro... Não é esse o processo. O que se pretende é que os medos nem sequer existam. Não me interpretem mal, atenção. Os medos são bons e necessários, alertam-nos para o que nos pode prejudicar e magoar. Mas eu tenho medo de ser atraiçoada pela minha própria sombra e isso é irracional e ridículo.
Mas estou a aprender. Estou a formar-me. Aos poucos. Estou a mover as placas tectónicas do que sou e vou ficar melhor... É esta resolução que me faz ter os tais momentos de serenidade. Se não fosse isto, provavelmente a opção seria enrolar-me numa bola infeliz e chorosa...

07/04/2015

Consulta psicológica de hoje

Nada do que eu desejo ou preciso é "passível de avaliação pecuniária"... E aqui está já, implícita, uma das coisas que quero. Quero pessoas com quem possa falar de assuntos que me interessem, e falar deles usando palavras diversificadas; que o próprio acto de falar seja um exercício, que desafie, que implique pesar se devo usar a palavra caminhar ou andar num determinado contexto, porque têm significados diferentes... Gosto de dar valor a tudo o que faço ou vejo. Pensar que quando aponto o dedo e digo "o nome daquele monte é não-sei-o-quê", a pessoa a quem o digo vai lembrar-se sempre que um dia eu lhe disse o nome do monte. Mesmo que não se lembre do nome ao certo, sabe que um dia eu lho disse, e que na altura o achou uma curiosidade interessante.
Preciso sentir a beleza e o propósito de tudo, sentir que estou a "carpar" o "diem" a todo o momento e, com isto não pretendo que todos os momentos sejam de actividade ou socialização, mas que todos os momentos sejam um realização com boa vontade e finalidade.
Nada do que quero se compra com dinheiro... À excepção de uns lindos sapatos, um blush lindíssimo para dar cor ao meu rosto pálido, um bilhete de entrada num monumento que toda a gente sonha visitar... Mas as coisas grandes, as coisas que me fazem feliz não se compram. Têm que vir de mim. São a minha tranquilidade interior, o meu amor-próprio, a minha auto-valorização, o respeito e carinho por aquilo que sou e, claro, receber tudo isto dos outros, também. E, como nada disto se compra, dou por mim tantas vezes a desesperar porque não consigo entrar naquela onda de trabalhar, trabalhar mais, trabalhar mais ainda e ambicionar o melhor, com um objectivo claro, algo que me ocupe as mãos e o pensamento, algo a construir constantemente.
Dou por mim perdida e desesperada; o meu objectivo é ser feliz e isso é, à partida uma missão destinada ao fracasso porque a felicidade é um vento passageiro, não é um estado imutável ou uma estacão de chegada onde se permanece o tempo que desejarmos...
Tenho arrumos infindáveis para fazer ao nível do meu "quinto andar". Podia lamentar a cabeça que tenho, mas confesso que até gosto do aspecto que ela tem... Nem tudo é mau...

31/03/2015

Amar é tudo de bom...
mas também é doloroso. Também provoca desconforto e desesperos. Dores e angústias.
Amar é como tentar unir e conciliar dois Continentes... cada qual com climas e morfologias diferentes e fundações tão profundas e sólidas que, por fricção, na tentativa de se ajustarem, provocam terramotos...
Amar é sentir um terramoto, mas saber sobreviver-lhe em segurança. É o processo brutal de duas placas tectónicas que se querem ajustar, e o processo não é discreto nem silencioso. E sismológico.
Eu tremo por todos os lados. Tremo de medos e de esforços. Não estou habituada, não fui habituada a confiar nem a partilhar... E isso faz-me tão mal...

19/03/2015

ainda sobre o amor...ainda!

Dois anos depois, eu continuo a aprender sobre o Amor... Imaginei que fosse algo inato... um sexto ou sétimo ou oitavo sentido que, embora subdesenvolvido em mim, já que nunca fui muito romântica, despertaria na hora certa e, a partir desse momento, tudo o que é o Amor, todas as leis e verdades universais seriam reveladas. Uma epifania Amorosa. Todo um Nirvana sentimental...
 
Não é assim. Estúpida, estúpida, estúpida... Ainda hoje aprendo coisas sobre o Amor, sobre ele (o meu amor) e sobre mim também. E, como acontece invariavelmente com todos os tipos de sabedoria, quanto mais sei, mais noto que ainda tenho a aprender...
 
Ora, uma das recentes descobertas que fiz, após muitos momentos de introspeção, é que o nosso amor (a pessoa) não é perfeito.
Ai, eu não pensava que a coisa funcionasse assim... Imaginei que o amor de cada um lhe aparecesse divino e imaculado. Claro que todos temos defeitos, mas imaginei que esses fossem invisíveis a quem ama. Ou, melhor, em vez de invisíveis, fossem visíveis mas aparecessem aos olhos de quem ama como qualidades ou características de feitio e personalidade, mas nunca como defeitos. Como nas telenovelas, em que o vilão tem sempre uma esposa vilã, e dessa forma os defeitos de um passam camuflados de virtudes ao outro, porque são iguais...
 
Só muito recentemente me apercebo que não é bem assim... o meu amor tem defeitos. E de certeza que ele também já elaborou mentalmente uma listinha dos meus... já respirou fundo e contou até dez muitas vezes para não me dar um berro ou um par de mosquetes!! Vá, se calhar, exagero nesta parte =)
Mas começo a ver alguns defeitos... não graves, mas coisas que eu preferiria que fossem diferentes... e não me importo nem isso faz com que goste menos dele... E não esperava que fosse assim... Sempre a aprender...

16/03/2015

A solidão não tem poesia nenhuma. Aquelas imagens noveleiras ou cinematográficas de protagonistas que atravessam a sua solidão com bravura e estoicismo, com uma música introspectiva de fundo, candeeiros com luzes quentes e um ambiente acolhedor... São mentiras. A solidão que vivemos nada tem desse calor sereno, as velas acesas perfumam o espaço mas não confortam; um banho prolongado ocupa algum tempo mas ao mesmo tempo que a toalha nos seca o corpo tambem nos leva a serenidade que experimentámos; o sofá é acolhedor e as luzes são quentes mas não chegam para nos aquecer por dentro.
A solidão é um eco de nós. Se entrarmos nela de livre vontade, serenos e optimistas, ela vai ser apaziguante. Mas se nos forçarem, se olharmos para ela com medo, ela vai paralisar-nos.
Eu já experimentei as duas... Acho que já todos experimentámos.
Vai do nosso estado de espírito, da nossa paz interior e da nossa capacidade de acreditar que logo, logo, vamos estar mais felizes... Está a faltar-me isso, neste momento...

07/03/2015

Estou numa fase medonha...de cepticismo em relação às minhas convicções e juízos, e desprezo pelas minhas emoções...

Fui sempre capaz de compreender e aceitar opiniões alheias, e até facilmente influenciável por elas... Mas a montanha russa emocional e ansiosa em que me tenho visto deixou-me uma consciência de que a minha percepção de tantas coisas é, tantas vezes, ora exagerada, ora diminuta. O mundo em que me movo e a rotina que criei são pequenos, mas gosto assim. São-me confortáveis, dão-me uma sensação de estabilidade. Então, quando converso com outros, quando comparo as minhas experiências e os meus problemas, invariavelmente tenho a sensação que fico áquem daqueles padrões... e, por isso, as minhas ideias e opiniões, os meus sentimentos, fraquezas e medos, aos meus olhos tornam-se pequenos, deproporcionados... e inválidos.
E assim, sem me dar bem conta do como ou quando, passei a ser a pior juíza de mim própria, porque nem a minha dor considero válida...

06/03/2015

Diário de bordo

Fui 4 dias a Paris com o respectivo e, uma semana depois de regressar, lá fui eu passar 6 dias a Lisboa na BTL... escusado será dizer que andei com ansiedades ora eufóricas ora panicantes durante 3 meses...
Mas já regressei à rotina; à minha rotina confortável e rígida, que me ajuda a manter calma... embora também me torne mais fraca por habituação.
Durante este período não tive consultas com a psicóloga. Não fiz sessões de acupuntura... E aguentei-me quase sem vacilar... quase, quase!
Fui e correu bem e isso é uma lição que demonstra que os meus medos e ansiedades não têm razão de ser... mas, como muito bem disse o meu Amor, que me compreende até quando eu não me entendo a mim própria, o facto de ter corrido bem desta vez, não elimina a possibilidade de na próxima correr de forma diferente... e então o medo vai voltar. Pode voltar menos intenso, mas vai voltar. E, no meio deste processo repetitivo, vai haver um dia em que eu vou deixar de lhe prestar tanta atenção.
 
Conheci o Rui na BTL e 12 horas depois ele contava que a dada altura na sua vida começou a sentir um mal estar interior, o coração muito acelerado, um pânico crescente... algum tempo depois de começar a sentir isto, foi ao médico, que lhe disse que era ansiedade, que o que ele sentia era psicológico. Diz o Rui que, a partir desse dia, nunca mais voltou a sentir aqueles sintomas! Tomou o poder sobre a sua própria mente e não a deixou mais prejudicá-lo... parece simples, não parece?

12/02/2015

Escuta, pequenina...

Quando a ansiedade, aquele nervoso miudinho que muito depressa passa a graúdo, aquelas borboletas enjoativas no estômago e aquela vertigem repentina começam a chegar... pensa para ti: "o que mudou, desde a última vez que te sentiste bem?", e a resposta vai, muito provavelmente ser "nada". Por isso, não temas, não dês ouvidos aos medos. Nada mudou, pequenina. És a mesma, as pessoas são as mesmas, os lugares são os mesmos. Vai ficar tudo bem.
 
p.s. Amanhã vou para Paris com o meu Amor.

04/02/2015

A ansiedade, resumida numa palavra, é sofrimento.
Sofre-se pelas feridas que ficaram de um passado complicado, com medo que ele volte para nos atormentar e se repita. Sofre-se pela antecipação do futuro, como se as possibilidades que ele encerra fossem mais negativas do que positivas. Sofre-se porque, em estado de ansiedade, mistura-se no tempo presente o sentimento de impotência ou desadequação que se teve no passado, com a expectativa dos planos futuros. Como se essa pessoa pequena e magoada do passado estivesse já, neste momento, a viver a emoção que o futuro vai trazer. Só que de forma aumentada. Para pior, normalmente.
A pessoa ansiosa sofre sempre duas vezes. Sofre a antecipação. Por vezes de várias semanas ou meses. E sofre com a chegada do evento ou acontecimento, porque é o momento do tudo ou nada, do "será que vou conseguir enfrentar serenamente ou este friozinho na barriga vai continuar a crescer, formar uma onda gigantesca que me vai submergir em pânico?".
É uma luta desgastaste entre duas partes de um mesmo cérebro: a parte mais instintiva, que reage com medo a estímulos que invoquem alguma má experiência, e uma mais racional (e que as vezes parece tao pequenina e fraca), que tenta dizer à outra parte que não, que não tenha medo, que tudo vai correr bem.
As pessoas ansiosas são as mais cruéis juízas de si próprias. Porque melhor do que ninguém, elas sabem que não faz sentido temer tantas coisas. E mesmo que as coisas sejam dignas de temor, não o são com tanta antecedência, nem com um grau de descontrolo tão grande. E a acrescentar ao sofrimento antecipatório em si, temos um certo nível de auto-desprezo e desconsideração, por admitir tamanha fraqueza e incapacidade de ajustamento ao mundo, à vida e aos outros.
Em suma, é cansativo. É uma guerra feita de inúmeras batalhas; às vezes arrasadoras, às vezes terminadas com um doce sabor de vitória.
Eu ando a tentar acostumar-me a esse sabor. Ando a tentar não me perder de mim, nem da minha identidade, daquilo que me dá confiança por perceber quem sou, como cheguei até aqui, quem fez esta caminhada comigo e me vai acompanhar no futuro, sem me largar a mão.

25/01/2015

Ela vive!!!

Sim... ainda vivo...
Ainda há alguém aí?
Não sei... não tenho tido muito para dizer. E, quando assim é, vale mais mesmo não dizer nada.
 
A minha pequenina "esquizofrenia" anda ao rubro... e oxalá Deus não me castigue por usar levianamente esta metáfora.
Todos procuramos a nossa cura. Eu tenho procurado a minha também. A cura para a minha Ansiedade. Para os medos embutidos na minha mente. Para as minhas inseguranças e carências.
O meu Amor ainda está comigo. Aquela maravilha! Aquele calor que reconforta.
Mas eu continuo a ser a mesma. Foram muitos anos de fugas e isolamento e maus hábitos e ainda tremo quando tenho que olhar para o mundo.
Mas vou aprendendo a viver com isso, a aceitar que sou uma pessoa que sente e anseia demais e fazer por transformar isso numa coisa "normal" e suportável.
 
Ontem fiz uma primeira sessão de acupuntura. Bommmmm... =)