24/04/2015

Em mim tenho muitos mundos... muitas cidades... muitas pessoas... Tenho sensibilidades que ninguém compreende, que tocam em mim uma nota que ninguém ouve... e, ao mesmo tempo, sou insensível a coisas que comovem tantos outros...
E é à conta desta minha fina e exclusiva sensibilidade que sofro tantas vezes... pela frustração e desilusão quase infantil de perceber que não estou a falar a mesma linguagem de quem me ouve. Que, o que eu vejo como belo e comovente, se torna banal no momento em que falo e partilho, desperta um encolher de ombros e indiferença... São tão poucas as vezes em que encontramos uma sensibilidade semelhante...
Tenho muitas cidades em mim... e tão pouca gente as visita...

20/04/2015

A bipolaridade em mim

Tenho dias de montanha-russa emocional... Ora me sinto triste e fraca perante tudo, nada corresponde às expectativas, nada me chega... Canso o meu Amor com desconsolos e exigências... Ora me sinto serena e consciente de que estou e treinar-me e a crescer e a aprender a silenciar a voz infantil no meu interior que, a todo o momento, chora "eu quero", "eu preciso", "eu sou pequena e todos devem dar-me colo"; este processo é doloroso, mas não implicaria crescimento se não fosse. Nesses momentos reparo que a tristeza que me assolou meia hora antes é descabida e isso coloca-me perante a evidência de que as minhas tristezas e os meus problemas são uma questão de humor e de perspectiva... Por tudo isto, sinto-me mais carente do que nunca de apoio psicológico!!!! Quem me ensina a travar todos os medos?? Ninguém, claro... Não é esse o processo. O que se pretende é que os medos nem sequer existam. Não me interpretem mal, atenção. Os medos são bons e necessários, alertam-nos para o que nos pode prejudicar e magoar. Mas eu tenho medo de ser atraiçoada pela minha própria sombra e isso é irracional e ridículo.
Mas estou a aprender. Estou a formar-me. Aos poucos. Estou a mover as placas tectónicas do que sou e vou ficar melhor... É esta resolução que me faz ter os tais momentos de serenidade. Se não fosse isto, provavelmente a opção seria enrolar-me numa bola infeliz e chorosa...

07/04/2015

Consulta psicológica de hoje

Nada do que eu desejo ou preciso é "passível de avaliação pecuniária"... E aqui está já, implícita, uma das coisas que quero. Quero pessoas com quem possa falar de assuntos que me interessem, e falar deles usando palavras diversificadas; que o próprio acto de falar seja um exercício, que desafie, que implique pesar se devo usar a palavra caminhar ou andar num determinado contexto, porque têm significados diferentes... Gosto de dar valor a tudo o que faço ou vejo. Pensar que quando aponto o dedo e digo "o nome daquele monte é não-sei-o-quê", a pessoa a quem o digo vai lembrar-se sempre que um dia eu lhe disse o nome do monte. Mesmo que não se lembre do nome ao certo, sabe que um dia eu lho disse, e que na altura o achou uma curiosidade interessante.
Preciso sentir a beleza e o propósito de tudo, sentir que estou a "carpar" o "diem" a todo o momento e, com isto não pretendo que todos os momentos sejam de actividade ou socialização, mas que todos os momentos sejam um realização com boa vontade e finalidade.
Nada do que quero se compra com dinheiro... À excepção de uns lindos sapatos, um blush lindíssimo para dar cor ao meu rosto pálido, um bilhete de entrada num monumento que toda a gente sonha visitar... Mas as coisas grandes, as coisas que me fazem feliz não se compram. Têm que vir de mim. São a minha tranquilidade interior, o meu amor-próprio, a minha auto-valorização, o respeito e carinho por aquilo que sou e, claro, receber tudo isto dos outros, também. E, como nada disto se compra, dou por mim tantas vezes a desesperar porque não consigo entrar naquela onda de trabalhar, trabalhar mais, trabalhar mais ainda e ambicionar o melhor, com um objectivo claro, algo que me ocupe as mãos e o pensamento, algo a construir constantemente.
Dou por mim perdida e desesperada; o meu objectivo é ser feliz e isso é, à partida uma missão destinada ao fracasso porque a felicidade é um vento passageiro, não é um estado imutável ou uma estacão de chegada onde se permanece o tempo que desejarmos...
Tenho arrumos infindáveis para fazer ao nível do meu "quinto andar". Podia lamentar a cabeça que tenho, mas confesso que até gosto do aspecto que ela tem... Nem tudo é mau...